Por Marina Dias, através da coluna do Bob Fernandes
O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou nesta
quarta-feira (8) que não vê "perspectivas de descontrole inflacionário"
para 2014 no Brasil e elogiou a política de redução de juros do governo
Dilma Rousseff. Durante palestra promovida pela Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), o
tucano falou por mais de uma hora sobre o que chamou de "análise
crítica" da política econômica brasileira nos últimos dez anos, período
em que o país foi governado pelo PT.
"Foi bom ter baixado os juros, também porque tinha um custo fiscal
fenomenal. E não tem por que ser diferente. Não acredito que isso vá
resolver a questão da inflação, que está relacionada aos preços
relativos, mas não vejo a inflação explodindo", afirmou Serra.
A declaração do tucano vai contra a do senador Aécio Neves
(PSDB-MG), pré-candidato do partido à Presidência da República no
próximo ano e desafeto conhecido de Serra. Aécio afirmou em evento do
Dia do Trabalho, na capital paulista, que o governo Dilma havia perdido o
controle da inflação e que estava sendo "leniente" com o tema.
A palestra, marcada para às 18h30, teve início às 19h10, com a
execução do hino nacional. Apesar dos dois copos de água à disposição em
cima da mesa, o ex-governador pediu para que fosse comprada uma lata de
coca-cola zero. "As perguntas podem ser feitas por escrito", anunciou o
professor da FEA-USP Fabio Loti Oliva. Serra, porém, intercedeu. "Pode
fazer verbalmente, contanto que não seja sobre eleições".
O tucano afirmou que o Brasil seguiu uma tendência de "crescimento
lento e modesto" na última década, "de 3% ao ano e olhe lá". Para ele, o
modelo de expansão está diretamente ligado ao consumo e isso não
configura um crescimento equilibrado. Segundo ele, o país não faz
investimento público, principalmente no que diz respeito à
infraestrutura, além de não ter capacidade para atrair investidores do
setor privado.
Durante sua exposição, Serra disse que, além do crescimento lento, o
Brasil decaiu quando o assunto é exportação. "Achar que o país vá viver
de commodities e que isso salvará a economia é delirante. Não há economia mundial para absorver as commodities", explicou.
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