Primeiro foi o Paulo Henrique Amorim
A seguir, modesta colaboração à biografia de Gaspari:
Os chapéus de Gaspari
(MAIO 16, 2008, no Ig)
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas.
O colonista de “Livros” da Folha (da Tarde *) e do Globo, Elio Gaspari, usa muitos chapéus.
. O chapéu da família Marinho.
. O chapéu da família Frias.
. O chapéu tucano.
. O chapéu contra a privataria, embora jamais tenha falado do Daniel Dantas …
. O chapéu anti-Lula.
. O chapéu “independente”.
. O chapéu contra a tortura.
. O chapéu Golbery.
. O chapéu contra a ditadura.
. O chapéu Geisel.
. O chapéu Harvard.
. O chapéu Jorge Paulo Lehman.
. O chapéu Heitor Aquino Ferreira.
. O chapéu Companhia das Letras.
. O chapéu família Moreira Salles.
. O chapéu comunista.
. O chapéu americano.
. É por isso que não se entende o que ele diz.
. É uma charada.
. É por isso que ele se especializa em fazer denúncias em tom grave – sobre questões irrelevantes.
. É que ele se embaralha com tanto chapéu.
. É o malabarista que joga muitas garrafas para cima – e, de vez em quando, uma cai no chão …
. É porque, na verdade, todos esses chapéus são um disfarce.
. Gaspari só usa um chapéu.
. O chapéu do Serra.
. Gaspari é o único conselheiro em que Serra confia.
. Eles se falam três vezes por dia (de preferência de madrugada, porque os dois não dormem à noite) (*2).
. Todos os políticos de São Paulo sabem disso: Gaspari é o Governo Serra na sombra.
. Só a Folha não sabe disso.
. Ou não quer saber.
. Serra é o único político que comprou a ficha do Gaspari.
. No romance-reportagem “Castelo de Âmbar”, Mino Carta revelou que Gaspari pretende governar o Brasil.
. Como não conseguiu governar o Brasil ainda, Gaspari resolveu governar o passado do Brasil.
. E deu uma visão – ainda incompleta e muito peculiar – do passado recente do Brasil.
. E deu a versão “Heitor Aquino” daquilo que Gaspari chama de “ditadura”.
. Gaspari vai co-presidir o Brasil com o presidente eleito José Serquércia.
. Vai ser o Dick Cheney do presidente eleito
. A ligação Gaspari-Serra é antiga.
. No governo do Farol de Alexandria, quando o presidente eleito queria derrubar Pedro Malan para ser o Ministro da Fazenda – Serra quer sempre derrubar alguém … –, Gaspari defendeu o Governo tucano, menos o que chamava de “ekipeconômica”.
. Malan.
. Era preciso derrubar Malan.
. Agora, é preciso derrubar Geraldo Alckmin.
. Por isso, o Conversa Afiada convida o amigo leitor a jogar fora tudo o que o PiG disser que Serra disse de Alckmin.
. Basta ler o Gaspari.
. Ali está o verdadeiro Serra, na sua essência mais pura.
. Neste domingo, por exemplo, Serra/Gaspari diz que Alckmin vai desistir (de ser candidato a Presidente), porque não adianta ser candidato de um partido rachado.
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Agora vem o Governador Tarso Genro, do RS Urgente através do Cloaca News
“O alto comissário do Golbery não toma jeito”
Tarso Genro (*)
Como Elio Gaspari foi do velho Partidão e depois se tornou confidente do General Golbery, fazendo, a partir daí, uma carreira de jornalista mordaz e corregedor de todos os hábitos do país, ele se dá o direito de não só inventar tolices nas suas colunas, como também enganar os mais desavisados.
Defende as suas teses principalmente a partir da falsificação da posição dos seus adversários de opinião. Para defendê-las, Elio sempre desqualifica os seus adversários com textos de estilo ferino, que não raro beiram a difamação. Os que se sentem agredidos raramente se defendem, não só porque ele não publica as respostas na sua coluna, mas porque talvez temam despertar nele uma ira ainda maior, que também não abre espaços para o contraditório.
Já fui alvo algumas vezes das suas distorções e falsificações, mas sobre este tema da reforma política preciso responder formalmente, porque se trata de um assunto extremamente relevante para o aperfeiçoamento democrático do país, sobre o qual existem divergências elevadas, tanto dentro da esquerda como da direita democrática.
A estratégia usada por Elio Gaspari para promover suas crônicas foi muito comum na época da ditadura, quando o SNI – através de articulistas cooptados – recheava de informações manipuladas a grande imprensa, sobre a “subversão” e as “badernas estudantis”. O regime tentava, desta forma, tanto manter o controle da opinião pública, como dividir a oposição legal e a clandestina, num cenário em que povo já estava cansado do regime. Elio Gaspari parece que se contaminou com este vício e combinou-o com uma arrogância olímpica: desqualifica todo mundo, não respeita ninguém, o que pode significar uma volúpia de desrespeito a si mesmo, ensejada pela sua trajetória como jornalista com idéias muito próximas de um ceticismo anarco-direitista.
Vários dirigentes políticos, tanto da oposição como da situação – da direita e da esquerda – que não estão satisfeitos com o sistema político atual, debatem uma saída: uma reforma política para melhorar a democracia no país. Todos sabemos que não existe um sistema ideal e perfeito, mas que é possível uma melhora no sistema atual, que pode tornar mais decente a representação e os próprios partidos. Este debate para melhorar a democracia e dar maior coerência ao sistema de representação tem despertado a santa ira de Elio Gaspari, que dispara para todos os lados, mas nunca diz realmente qual é a sua posição sobre o assunto.
No seu artigo “O comissariado não toma jeito”, no qual sou citado nominalmente como defensor de fisiologismos, ele atinge o auge na deformação das opiniões de pessoas que ele não concorda. Vincula, inclusive de maneira sórdida estas opiniões a dirigentes políticos condenados na ação penal 470, para aproveitar a onda midiática que recorre diariamente a estas condenações, não só para desmoralizar a política e os partidos, mas para tentar recuperar os desastrados anos do projeto neoliberal no país, nos quais, como todos sabemos, não ocorreu nenhuma corrupção ou fisiologismo.
As deformações de Elio são explícitas quando ele examina dois pontos importantes da reforma política: o “voto em lista fechada” e o “financiamento público” das campanhas eleitorais. Sobre o voto em lista “fechada” ele argumenta, em resumo, que a “escolha deixa de ser do eleitor”, que vota numa lista preparada pelo Partido, que captura o seu direito de escolha.
Pergunto: será que Elio não sabe que a escolha na “lista aberta” (sistema atual), é feita, também, a partir de uma relação de nomes que é organizada pelos Partidos? E mais: será que Elio não sabe que a diferença entre um e outro sistema é que, no atual, o voto vai para a “fundo” de votos da legenda e acaba premiando qualquer um dos mais votados da lista, sem o mínimo nexo com a vontade do eleitor? Repito, qualquer um da lista, sem que o eleitor possa saber quem ele está ajudando eleger!
Na lista fechada é exatamente o contrário. O eleitor sabe em quem ele está votando. E sabe da “ordem de preferência”, que o seu voto vai chancelar, a partir do número de votos que o Partido vai amealhar nas eleições. O eleitor faz, então, previamente, uma opção partidária – inclusive a partir da qualidade da própria lista que os Partidos apresentaram – e fica sabendo, não só quem compõe a lista do seu partido, mas também a ordem dos nomes que vão ter a preferência do seu voto.
Na lista aberta, ao invés de crescer o poder político dos partidos – que Elio parece desprezar do alto da sua superioridade golberyana – o que aumenta é o poder eleitoral pessoal de candidatos que, neste sistema de lista aberta, carreiam os votos dos eleitores para qualquer desconhecido. Por mais respeito humano que se tenha por figuras folclóricas que ajudam eleger pessoas com meia dúzia de votos, não se pode dizer que a sua influência pessoal possa ser melhor que a influência das comunidades partidárias, por mais defeitos que elas tenham.
A tegiversação sobre o financiamento público das campanhas não é ridícula, porque é simplesmente uma falcatrua argumentativa. Elio diz que este tipo de financiamento não acabará com o “caixa 2” e que tal procedimento vai levar a conta para o povo, que ele chama gentilmente de “patuléia”. Vejamos se estes argumentos são sérios.
Primeiro: ninguém tem a ilusão de acabar com o “caixa 2”, que acompanhará as campanhas, enquanto tivermos eleições. O que devemos e podemos buscar é um sistema que possa diminuí-la, substancialmente, através – por exemplo – de um controle “on line”, de todos os gastos das campanhas, num sistema financiado por recursos conhecidos e previamente distribuídos aos partidos.
Este sistema certamente diminuirá a dependência dos partidos em relação aos empresários e permitirá um controle mais detalhado dos gastos, pois cada partido terá um valor previamente arbitrado, para ser fiscalizado à medida que os recursos forem sendo gastos. Reduzir, portanto, a força do poder econômico sobre as eleições, este é o objetivo central do financiamento público.
Quanto à transferência das despesas para o povo, qualquer aluno do General Golbery – digo aqui da modesta situação de fisiológico que me foi imputada – sabe que as contribuições dadas pelas empresas aos partidos e aos políticos, são “custos” de funcionamento de uma empresa, que integram o preço dos seus produtos e serviços, que são comprados pelo consumidor comum ou pelo Estado.
Quem paga por tudo, sempre, é o povo que trabalha e compra e o Estado que encomenda, compra e paga. O defensor da patuléia, portanto, não está defendendo nem a “viúva” metafórica nem o Estado concreto. Está, sim, defendendo a atual influência do poder econômico sobre os processos eleitorais, de uma forma aparentemente moralista, mas concretamente interessada: acha que o sistema assim está bem. Uma forma de fisiologismo altamente disfarçado. O alto comissário do Golbery não toma jeito.
(*) Governador do Rio Grande do Sul
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