PPT - Partido da Privataria Tucana
Desenho extraído do Blog do Puty |
do Conversa Afiada
Durante as investigações da Operação
Monte Carlo, a Polícia Federal apreendeu um material que pode ser a
pista para a compreensão de uma dos mais estranhos episódios da história
política recente. Trata-se de gravações de uma conversa entre o
ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e o
jornalista Mino Pedrosa, ex-repórter da Isto É e hoje autor do site
QuidNovi, sobre o chamado “escândalo dos aloprados”, como ficou
conhecida a suposta tentativa de compra de um dossiê contra o então
candidato a governador de São Paulo José Serra (PSDB) em 2006.
Curiosamente, o material foi apreendido
na casa de Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado do bicheiro Carlinhos
Cachoeira. Souza foi preso em julho pela PF, na esteira das
investigações sobre o grupo. Ao analisar o material, a PF encontrou o
grampo de uma conversa ocorrida em 2006 entre Dadá e Mino Pedrosa no
qual o jornalista dizia ter informações sobre como o dossiê foi
negociado. Dadá é apontado pela PF como araponga do grupo de Cachoeira.
O escândalo, que tumultuou as eleições
daquele ano, eclodiu após um assessor da campanha de Aloizio Mercadante,
candidato do PT ao governo paulista, ser pego ao entrar num hotel em
São Paulo para supostamente comprar informações contra o adversário
tucano. O material conteria documentos que ligariam o ex-ministro da
Saúde à chamada máfia dos sanguessugas, como ficou conhecido o grupo
investigado por desviar recursos da saúde.
Na conversa, possivelmente gravada por
Dadá, Mino Pedrosa e o araponga conversam sobre as origens do escândalo
dos aloprados. O jornalista revela que o dossiê havia sido confeccionado
por Luiz Antonio Trevisan Vedoin, pivô dos sanguessugas, e oferecido
aos petistas. No entanto, quando a negociação avançou, o mesmo Vedoin
entrou em contato com um emissário da campanha José Serra – que teria
acionado a Polícia Federal. O plano de Vedoin era criar um fato político
contra o PT durante a eleição.
Em seguida, Mino Pedrosa diz ter em
mãos informações que poderiam ser a “bala de prata” para “matar o
Barbudo”, numa clara referência ao então presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, postulante à reeleição. O jornalista afirma ter informações de
que a proximidade de Lula com seu ex-assessor pessoal Freud Godoy,
suspeito de participação na compra do dossiê, poderia mudar os rumos da
eleição de 2006.
Para comprovar as suspeitas, Pedrosa
pede a Dadá que obtenha clandestinamente os documentos junto ao Coaf e à
Receita Federal sobre movimentações financeiras de Lula para confirmar
as suspeitas.
O episódio mostra como o grupo de
Cachoeira agia para alimentar informações para tumultuar o ambiente
político – e que nem mesmo o presidente estava imune a ação dos
arapongas. Leia estas e outras revelções na edição desta semana de
CartaCapital, nas bancas a partir desta sexta-feira 20.
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