Depois que o Cansei II, travestido de "Marcha contra a corrupção", foi devidamente desmascarado pela Blogosfera, agora vamos nos preparar para o Cansei III ou o Cansei 3.0 (acho que 3.0 é mais chique). Veja abaixo o texto de Maucício Dias na Carta Capital.
A marcha da insensatez
No Rio de Janeiro, na tarde de 20 de setembro, houve a segunda rodada de manifestações contra a corrupção no País. A primeira, no dia 7, foi simultânea às solenidades da Independência. Em Brasília, calcularam 25 mil pessoas presentes na marcha pela Esplanada dos Ministérios. O número pode ter sido engordado por aqueles que foram ver o desfile oficial.
De qualquer forma, na capital do País, nas imediações do Congresso Nacional, ocorreu o movimento mais numeroso, simultaneamente ao que ocorria também em outros estados da federação.
No Rio, desta vez, o palco dos manifestantes foi a praça da Cinelândia, no centro da cidade. Os organizadores, confiantes nas redes sociais, anunciaram que haveria cerca de 30 mil pessoas. Compareceram, aproximadamente, 2,5 mil, segundo cálculos do comando da Polícia Militar.
Nessa “multidinha”, antônimo popular de multidão, alguns erguiam vassouras, símbolo da faxina moralista de Jânio Quadros, aquele cidadão conturbado que ocupou a Presidência da República por sete meses, antes de renunciar. Outros empunhavam cartazes propondo a transformação da corrupção em crime hediondo e pregando o fim do voto secreto no Congresso, onde, por sinal, acaba de ser criada a Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto, cuja vanguarda é o PSOL, partido nascido da costela do PT, formado em reação moral ao “mensalão”.
Essas manifestações, à direita e à esquerda, expressam em conjunto uma insensata demonização da política.
O “voto aberto” entrou em pauta em 2005, após os episódios do chamado “mensalão” e “sanguessugas”.
Depois de amputado o ritual da presunção de inocência com a lei chamada de “Ficha Limpa” atacam, agora, o voto secreto no Parlamento, implantado para garantir a independência dos integrantes do Legislativo diante de tentativas de interferência e pressões do Executivo. Eventualmente, esse sistema pode livrar parlamentares da camisa de força da própria disciplina partidária, como pode ocorrer em casos de objeção de consciência.
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